Sweet dreams are made of this... Who am I to disagree? I travel the world and the seven seas... Everybody's looking for something.

-(Eurythmics - Sweet Dreams)-

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

[LIVRO e Filme] Deixa ela entrar/Deixa-me entrar


MINHA EDIÇÃO
Título Original: Låt den rätte komma in
Tradução: Deixa ela entrar
Autoria: John Ajvide Lindqvist
Tradutor: Marisol Santos Moreira
Ano: 2012
Editora: Globo
Origem: Suécia.
Total de Páginas: 500
Dessa vez vou fazer diferente. Colocarei em um mesmo post o livro e as duas adaptações cinematográficas e o motivo disso é simples: gostei muito das adaptações, mesmo com as modificações sofridas. No Brasil o livro foi lançado após os filmes (a adaptação sueca é de 2008 e a norte-americana é de 2010), ou seja, aqueles que gostaram muito dos filmes (como eu) ficaram esperando um tanto quanto ansiosamente o livro e ele finalmente chegou e eu já li e agora ele está aqui.


Sinopse: Oskär é um garoto solitário e vítima de bullying na escola e que sonha em assassinar seus opressores e finalmente se ver livre do medo. Sua vida sofre uma reviravolta quando muda no apartamento ao lado do seu uma garota (ou ao menos é o que parece à primeira vista) e um homem. O nome da garota é Eli, e ela não é uma garota. Nem um garoto. Eli é uma criatura secular que bebe sangue para sobreviver. E o homem é Hakan Bengtsson e ele é um pedófilo apaixonado e obcecado por Eli.
Pontos Positivos (Ou por que ler este livro): Em uma época de vampiros brilhando ao sol, vampiros que escalam árvores e correm feito jumentos pelos prados afora, esse livro é uma pérola maravilhosa de maldade e que retrata o vampiro como ele realmente é: uma besta, uma coisa amaldiçoada que PRECISA de sangue, que pega fogo ao sol e que não estuda em escolas de filmes de comédia romântica e muito menos arrasa com seus carros saídos de “Velozes e Furiosos”.
A história é para adultos. Trata de pedofilia, morte, bullying, maldade crassa tudo de um jeito cru. O autor coloca a história e não doura a pílula, algumas cenas são descaradamente nojentas. E é por isso que é tão bom. Estava cansada de vampiros visitando igrejas e se sentindo chamados por Deus (amo Anne Rice, mas confesso que aquela mulher me dá nos nervos às vezes) ou choramingando pelos cantos porque tem que matar. “Deixa ela entrar” é um livro incrível, os vampiros são bestas, matam e morrem ao sol. Como deve ser.
- Nunca tinha visto em um livro sobre vampiros, a idéia de que este, para entrar em algum recinto ocupado, precisa da permissão de quem está dentro senão corre o risco de sangrar até a morte. Lindo. Mesmo.
Ponto negativo que vira positivo: Pelo modo cru como é narrado, senti um certo tédio em algumas partes, principalmente quando o autor desembesta a falar de umas pessoas que não tem nada a ver com o casal principal. ENTRETANTO, tudo está conectado e o que poderia ser um ponto negativo se transforma automaticamente em positivo quando você percebe que aquela embromação se tratava do mapeamento de caráter dos personagens... e os sentimentos irão comandar as ações que irão se chocar em Oskär e Eli.

             OS FILMES
Título Original: Låt den rätte komma in
Título Traduzido: Let the Right One In (EUA); Deixa ela entrar (BRA).
Ano: 2008
Origem: Suécia
Direção: Tomas Alfredsson
Roteiro: John Ajvide Lindqvist
Elenco: Kåre Hedebrant (Oskar); Lina Leandersson (Eli); Per Ragnar (Håkan); Henrik Dahl (Erik); Karin Bergquist (Yvonne); Peter Carlberg (Lacke); Ika Nord (Virginia); Mikael Rahm (Jocke); Karl Robert Lindgren (Gösta); Anders T. Peedu (Morgan); Pale Olofsson (Larry).
Duração: 114 min.
Gênero: Terror/Suspense/Drama.
Sinopse: Oskär, um garoto que mora em Blackberg, subúrbio de Estocolmo na Suécia, leva uma vida de reclusão social por ser amedrontado pelos valentões imbecis de sua escola. Conhece Eli, um vampiro eunuco com feições andróginas.
Pontos positivos (Ou porque assistir a esse filme): O filme parece conseguir pegar muito melhor o clima do livro já que foi filmado no país de origem.
- A atriz que faz a Eli tem feições andróginas, então... ponto positivo.
- O Oskär é um dos personagens mais adoráveis que já vi.
- A questão do “guardião” da Eli fica no escuro. Então, tire suas próprias conclusões se ainda não tiver lido o livro.


Título Original: Let Me In
Título Traduzido: Deixe-me Entrar.
Ano: 2010
Origem: EUA
Direção: Matt Reeves
Roteiro: Matt Reeves; John Ajvide Lindqvist
Elenco: Kodi Smit-McPhee (Owen); Chloe Moretz (Abby); Richard Jenkins (Thomas, o guardião de Abby); Cara Buono (Mãe de Owen); Sasha Barrese (Virginia); Dylan Minnette , Jimmy "Jax" Pinchak, Nicolai Dorian e Brett DelBuono (os caras maus da escola); Ritchie Coster (Mr. Zoric).
Duração: 116 min.
Gênero: Terror/Suspense/Drama
Sinopse: Owen é um garoto que mora no Novo México (EUA) com sua mãe. Ele é sozinho e sofre bullying na escola. Certo dia muda-se no apartamento ao lado do seu, uma garota (Abby) e seu pai. Gradativamente eles se tornarão amigos. Mas Abby é um monstro e Owen não sabe disso. E então ele descobre.
Pontos positivos (Ou porque assistir a esse filme): O filme é legal. Como eu disse anteriormente, é um alívio encontrar algo bom em se tratando de vampiros. A Chloë Moretz é uma das minhas atrizes jovens favoritas, aquela cara de depressão que ela faz parece uma cara que a Eli do livro faria. E o Oskär, oops... o Owen é adorável.
ATENÇÃO: A PARTIR DESTE MOMENTO O POST CONTÉM SPOILERS. CASO SE IMPORTE, VÁ ASSISTIR AO FILME E DEPOIS VOLTE.
Pontos negativos: Os EUA tem uma mania extremamente irritante de fazer remake de filme bom... sei lá, eles devem achar que CERTAMENTE farão algo ainda melhor. Bom, não é o caso. Esse filme, na minha opinião é muuuuito inferior ao sueco.
- Eles colocarem que a Abby é, de fato, uma garota, tirou a maravilhosice que tem no livro. Como diz o diretor do filme sueco em uma entrevista (deixo o link abaixo) o lance belo entre a Eli e o Oskär é aquele amor que não tem nada de sexual... é aquele amor desinteressado possível entre a infância e a puberdade onde a sociedade ainda não estragou o indivíduo completamente com seus preconceitos. Mas, como mudaram os nomes e a história, então... bom... assistam como se não fosse uma adaptação.
- A questão do “pai” da Abby. No livro o cara é um pedófilo doentio que sente um amor obsessivo pelo Eli. No filme ele é só um cara velho, bizarro e que, quando vi o filme pela primeira vez e sem ler o livro, pensei que fosse um cara que anteriormente tivesse sido como o Oskär... e que tivesse envelhecido a “serviço” de Eli e precisasse ser reposto. Mas não.
FIM DO SPOILER

Link da entrevista do diretor Tomas Alfredsson: http://brightlightsfilm.com/63/63alfredsoniv.php

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

[LIVRO] Felicidade e Outros Contos - Katherine Mansfield


MINHA EDIÇÃO
Título Original: Bliss: And Other Stories
Tradução: Felicidade e Outros Contos
Autoria: Katherine Mansfield
Tradutora: Julieta Cupertino
Ano: 2008
Editora: Revan
Origem: França
Total de Páginas: 140

Sintam inveja. Estou em uma fase de sorte na vida em que, dos oito livros que li em Janeiro, todos são maravilhosos. Repito, TODOS. E este livretinho, “Felicidade e Outros Contos”, é um deles.
Kathleen Mansfield Beauchamp, conhecida por seu pseudônimo Katherine Mansfield, foi uma escritora de contos neozolandesa que viveu entre 1888 e 1923. Em 1908 mudou-se para Londres para continuar sua instrução enquanto escrevia e colaborava com revistas literárias, tudo isso intercalado com uma vida social agitada e conturbada. Em 1915, seu irmão Leslie morreu na guerra e esse acontecimento afetou todo o seu trabalho. Como desgraça pouca é bobagem surgiram na mesma época os primeiros sinais de tuberculose. Em busca de tratamento para sua doença, mudou-se para a Suíça, depois para a França, voltou para a Inglaterra e retornou à França onde faleceu em um sanatório em 9 de janeiro de 1923 aos 34 anos de idade.  Publicou apenas seis livros em vida e após sua morte foi reconhecida como uma das mais proeminentes escritoras da língua inglesa, seus contos foram compilados em coleções e sobre sua vida e obra se multiplicaram estudos. No Brasil e editora Revan começou a traduzir seus livros, mas são poucos, se a Wikipédia não se engana, são apenas 88 contos traduzidos. Uma pena, essa mulher é uma diva literária.
Para terminar essa biografia minúscula, fica o fato de Katherine Mansfield ter sido a única escritora cujo talento Virginia Woolf invejou. É. Palavras da própria Virginia.


Sinopse: Bom, esse livro tem apenas 8 contos. São eles: Felicidade; Psicologia; Um dia de Reginald Peacock; A pequena governanta; As filhas do falecido coronel; Marriage à la mode; Um tanto infantil, mas muito natural e O canário.
Felicidade: Parece um esboço de Mrs. Dalloway de Virginia Woolf só que sem a festa. Bertha Young volta de um passeio. Ela está absurdamente feliz... mas não sabe exatamente o porquê.
Psicologia: Um homem e uma mulher que se completam, mas que não sabem o que querem.
Um dia de Reginald Peacock: Um cara que se acha o último chá da Inglaterra e que se arrependeu de certas coisas na vida.
A pequena governanta: Uma jovenzinha que arruma um emprego no exterior e é a ingenuidade encarnada.
As filhas do falecido coronel: O que fazer quando após tantos e tantos anos de prisão, finalmente se encontra a liberdade?
Marriage à La mode: Provando que o dinheiro não foi feito pra todo mundo. Nem o casamento.
Um tanto infantil, mas muito natural: Quando a imagem que se tem na mente é muito mais preciosa do que ver se a realidade corresponde a ela.
O canário: Sobre a solidão.
Como Virginia Woolf (com quem tinha uma relação recíproca de admiração, inveja, amor e ódio) suas histórias são sobre o cotidiano e de caráter intimista. Falam sobre solidão, felicidade, amor, ódio, enfim, sentimentos comuns a seres humanos. O modo como ela escreve deixa o leitor próximo dos personagens de forma a “sacar a dor” deles. Ao contrário de Virginia Woolf, porém, ela não faz experimentalismos... sua narrativa é simples, os problemas e situações são comuns mas com a incrível capacidade que todo mundo deve invejar, que é o “entendimento do mundo”. Porque ela certamente sabe do que está falando.
Pontos Positivos (Ou por que ler este livro): 1º) Porque ele é ótimo. Maravilhoso; 2º) Porque se pode ler um conto de cada vez e eles são pequenos.
Pontos negativos: Não faço idéia.
Impressões:
- Para mim, os melhores contos são: Felicidade e A pequena governanta. O primeiro porque parece uma pintura, Katherine Mansfield tem uma incrível capacidade de pintar quadros com sua escrita e o segundo porque a idéia é aterrorizante, pelo menos para mim que sou uma medrosa e covarde confessa.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

[Filme] Dolls


Título Original: Dolls
Ano: 2002
Origem: Japão
Direção: Takeshi Kitano
Roteiro: Takeshi Kitano
Elenco: Chieko Matsubara (A mulher do parque); Hidetoshi Nishijima (Matsumoto); Kyôko Fukada (Haruna Yamaguchi); Miho Kanno (Sawako); Tatsuya Mihashi (Hiro); Tsutomu Takeshige (Nukui).
Duração: 113 min.
Gênero: Drama.

Sinopse: O filme de Takeshi Kitano se baseia numa técnica teatral milenar chamada Bunraku, para contar essa (s) história (s). Segundo o Google, esse estilo teatral era utilizado para contar histórias do e no Japão Antigo, cada boneco no palco sendo manipulado por aproximadamente 3 homens (titereiros), em perfeita sincronia adquirida em um aprendizado que durava em média 10 anos.
Dolls se divide em três histórias com os personagens interligados:  
- Matsumoto, um jovem pressionado pela família que busca ascensão social, rompe com sua namorada e fica noivo da filha de um dos chefes da Yakuza japonesa. Abandonada, a jovem tenta se suicidar e ao falhar perde a sanidade mental. Matsumoto rompe seu noivado e volta para ela, mudando completamente o rumo da vida de ambos.  
- Hiro, o chefe da Yakuza e quase sogro do Matsumoto, relembra o passado quando abandonou a mulher que amava para alcançar posição social. Agora, a beira da morte, tenta reencontrá-la.
- Nikui, um jovem obcecado pela cantora pop Haruna Yamaguchi, fura os próprios olhos quando esta sofre um acidente que a deixa desfigurada.
Três histórias interligadas por uma idéia comum: o amor ( ou obsessão, na minha humilde opinião) e sua sobrevivência ao tempo.

Pontos positivos (Ou porque assistir a esse filme): 1º) Então... se você gosta de filmes que não acontece absolutamente nada (nem mesmo diálogos), então assista. Segundo umas pesquisas que eu fiz por aí sobre o filme e o diretor, a idéia dele foi se focar mais no “cenário” do que nos diálogos e tal. Ou seja, tem um dos cenários mais lindos que já vi... muita flor, muita cor, muita beleza.  


2º) As histórias são muito boas, muito tristes e contadas daquele jeito plácido (que eu costumo gostar) onde não existem emoções “gritantes”. A coisa escorre calmamente e sem muito alarde... mas a tristeza está lá...
3º) É uma visão de amor muito diferente daquela que vemos em filmes ocidentais. Primeiro: não há um único beijo (nem na testa) no filme todo; Segundo: É aquele amor de “pra sempre” o que não implica necessariamente em o casal estar junto.
Pontos negativos: Como eu disse antes, o filme é paradíssimo. PARADÍSSIMO. Quase não há diálogos, muitas cenas no estilo “batalha do Quo Vadis”, ou seja, aquelas cenas que parecem não terminar nunca.
Mas... ainda assim, achei que valeu a pena. Tem aqueles momentos de chorar, sabe? Onde você pensa: “Oh, céus! E agora? O que eles irão fazer?”... e se você for assistir, não pare na primeira cena que tem aquelas marionetes do Bunraku... porque depois desse início nonsense, a coisa anda e fica linda. E anda mesmo... Nossa!

domingo, 27 de janeiro de 2013

[LIVRO] A Identidade - Milan Kundera


MINHA EDIÇÃO
Título Original: L’identitè
Tradução: A Identidade
Autoria: Milan Kundera
Tradutor: Teresa Bulhões Carvalho da Fonseca
Ano: 2009
Editora: Companhia de Bolso
Origem: França
Total de Páginas: 115

Ela cortava o presunto no prato e não conseguia deter os pensamentos desencadeados pelas garçonetes: neste mundo onde cada um dos nossos passos é controlado e gravado, onde nas grandes lojas os circuitos internos de televisão nos vigiam, onde as pessoas estão sempre esbarrando umas com as outras, onde o sujeito não consegue nem sequer fazer amor sem ser interrogado no dia seguinte por pesquisadores e avaliadores (‘onde você faz amor?’, ‘quantas vezes por semana?’, ‘com ou sem preservativo?’), como pode acontecer de alguém escapar da vigilância e desaparecer sem deixar vestígios? sim, ela conhece bem esse programa com esse título que detesta, Perdido de Vista, o único programa que a comove pela sinceridade, pela tristeza, como se uma intervenção externa forçasse a televisão a renunciar a toda frivolidade; num tom grave, um apresentador convida os espectadores a fornecer testemunhos que possam ajudar a encontrar o desaparecido.  no fim do programa, são mostradas uma após outra as fotografias de todos os “perdidos de vista” mencionados nos programas anteriores; alguns estão sumidos há onze anos.” [Pg. 08]

Milan Kundera é um indivíduo que gosta de viver perigosamente através de seus escritos sobre temas difíceis como frustrações, escolhas e decepções. Foi exilado da antiga Tchecoslováquia, seu país natal, pelo forte conteúdo político presente em suas obras, onde criticava ativamente o comunismo e a invasão soviética sofrida em 1968. Vive na França desde 1975, tendo se tornado cidadão francês em 1980. Seu trabalho mais popular é o livro “A Insustentável Leveza do Ser” escrito em 1984, que também teve uma adaptação (ridícula) para o cinema em 1988, com Daniel Day-Lewis, Juliette Binoche e Lena Olin no elenco... aliás, tão ridícula que Kundera proibiu outras adaptações de seus livros. Mas, enfim, hoje é de outro livro que pretendo falar: A Identidade.
A Identidade fala sobre o exato momento em que uma mulher descobre já não ser tão jovem. Essa descoberta se dá quando constata que os homens que a vêem já não parecem desejá-la, não a seguem mais com os olhos e não tentam se aproximar. Aparentemente achando graça do fato comenta com o marido, dizendo: “Vivo num mundo em que os homens já não se viram para me olhar”. A partir desta aparentemente simples constatação, Kundera vai envolver os dois personagens em uma trama onde o real e o sonho se misturam perigosamente, trazendo o risco aterrador de um perder a identidade do outro através de segredos e descobertas.
Pontos Positivos (Ou por que ler este livro): 1°) É curto, tem apenas 115 páginas e dá pra ler em uma sentada. É o tipo de livro em que o autor soube muito bem o que e como dizer sem ficar repuxando a história; 2º) É do Milan Kundera (dá pra parar por aqui e ser entendida, mas...); 3º) A história é escrita de forma simples retratando assuntos complexos, ou seja, duplo ganho. Esse cara não perde tempo bolando modos de fazer o leitor morrer de tédio com escrita arabesquenta; 4º) Para quem gosta de literatura intimista é uma ótima escolha.  
Pontos Negativos: A edição de bolso é feia, mas isso já é culpa da minha falta de dinheiro.
ATENÇÃO: A PARTIR DESTE MOMENTO O POST CONTÉM SPOILERS. CASO SE IMPORTE, VÁ LER O LIVRO E DEPOIS VOLTE.
Impressões:
- Jean-Marc ama Chantal, mas... não é tudo que ele ama ou concorda... ou mesmo conhece. É lindo observar como ele se choca com a afirmação dela sobre os outros homens não a desejarem e sentir profundamente, não como uma tentativa de traição ou coisa do tipo, e sim uma tristeza sobre a perda da juventude e beleza.
- A história toda é um sonho/pesadelo ou realidade? É raro um livro terminar com essa questão sem me deixar com raiva. Esse conseguiu... a sutileza é uma obra de arte. 

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

[LIVRO] Por favor, cuide da Mamãe - Kyung-Sook Shin


Ame, enquanto puder amar.
— Franz Liszt

Título Original: 엄마를 부탁해
Tradução: Please Look After Mom (EUA) Por favor, cuide da mamãe (BRA)
Autoria: Kyung-Sook Shin
Tradução: Flávia Rössler
 Lançado no Brasil em: 2011
Editora: Intrínseca
Origem: Coréia do Sul
Total de Páginas: 236

Park So-nyo, uma mulher de 69 anos, se perde do marido quando as portas do metrô se fecham entre eles. Ela está em Seul, sem nunca ter andando por suas ruas desacompanhada, e padecendo de dores de cabeças fortíssimas que a fazem se esquecer das coisas mais simples. É esse o resumo do livro da coreana Kyung-Sook Shin (na Coréia usa-se o sobrenome na frente do nome, ocidentalmente falando ficaria Shin Kyung-Sook). A premissa simples esconde do leitor os sentimentos, a culpa e a pior falta que os filhos e o marido de Park So-nyo poderiam ter cometido, que é o total desconhecimento da pessoa que era essa mãe e esposa. É no momento em que ela desaparece que estes se dão conta de não terem-na conhecido, de não saberem o que ela desejava, se era feliz, o que a fazia feliz ou se ela sofria de alguma doença.
O livro é dividido em cinco partes, a última sendo o Epílogo. A primeira parte é narrada através do ponto de vista da filha mais velha, a escritora Chi-hon, a segunda pelo filho mais velho, Hyung-chol, a terceira pelo marido e a quarta pela própria Park So-nyo que se dirige aos filhos, marido e alguns conhecidos desnudando assim o que foi os 50 anos em que esteve casada. O epílogo é retomado por Chi-hon...
Pontos Positivos (Ou por que ler este livro): 1º) O livro é lindo. Fisicamente falando (me dêem razão na foto abaixo).

2º) A leitura é agradável e não tem como se entediar.; 3º) Entramos em contato com uma cultura diferente da ocidental, menções a rituais ancestrais, localidades e pessoas com costumes diferentes; 4º) A história em si que traz aquela sensação de que parece que você sabe muito bem do que a autora está falando... 5º) Os sentimentos retratados são absurdamente humanos, reconhecíveis e tratados como devem, ou seja, variam de cru para não-cru (perdoem-me por isso, mas... não estou conseguindo explicar de outra forma).
Pontos negativos: Nenhum que te faça não ler... a menos, claro, que você não goste do estilo de história e narrativa e etcétera.
ATENÇÃO: A PARTIR DESTE MOMENTO O POST CONTÉM SPOILERS. CASO SE IMPORTE, VÁ LER O LIVRO E DEPOIS VOLTE.
Impressões:
- Não sei se é algo sabido por qualquer um que leu o livro, ou que a própria autora disse ser sua intenção (não li nenhuma crítica sobre este livro para escrever esse post, para não me sentir induzida a tirar determinadas conclusões), mas, nos pontos de vista de Chi-hon (a filha escritora) e do marido de Park So-nyo, a autora utiliza o pronome “você”, escrevendo na segunda pessoa mesmo sendo personagens de ponto de vista. A impressão que me deu foi a de auto-recriminação, onde, corroídos pela culpa por ter negligenciado esta mulher desaparecida, sentem a necessidade de se lembrarem constantemente sobre suas faltas, apontando-se os próprios dedos, julgando-se e não se deixando esquecer.

Hyong-chol pede que você escreva mais alguma coisa no panfleto. Quando você olha para ele surpresa, ele lhe diz para pensar em frases melhores, que possam tocar fundo no coração do leitor. Palavras que possam tocar fundo no coração do leitor? Quando você escreve Por favor, ajudem-nos a encontrar nossa mãe, ele acha que é simples demais. Quando sugere Nossa mãe está desaparecida, ele diz que “mãe” é formal demais, e pede que você use “mamãe”. Quando você substitui por Nossa mamãe está desaparecida, ele decide que é infantil demais. Quando você propõe Por favor, contate-nos se vir essa pessoa, ele esbraveja.
— Que tipo de escritora é você?
Você não consegue pensar em uma única frase que satisfaça Hyong-chol.” [Pg. 12]


segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Sobre o Blog


Este blog é produto de um dia chuvoso, sem filmes, livros, inspiração para escrever e sem vontade alguma de fazer faxina (não que alguma dia eu tenha tido tal sentimento disparatado). Surgiu de uma ideia que nada tem de original (vemos por aí um número gigantesco de blogs e sites que se dispõem a fazer exatamente o que proponho aqui) que é narrar minhas experiências e opiniões com/sobre alguns filmes, livros, postar textos escritos por mim e outras coisas que surgirão no caminho. Caso aja algum leitor (e espero que sim), abro aqui a sessão que permite a interação de ideias, já que entrar em contato com gostos diferenciados e coisas novas me interessa. Muito.
O nome “Hello, Mary Lou!” vem de uma música do Queen e não tem nenhuma explicação extraordinária. O fato é que eu estava sem imaginação alguma e, ouvindo essa música no momento, assim ficou.
As postagens deverão ocorrer regularmente, ou pelo menos deverão seguir um padrão... provavelmente uma a cada semana... ou uma a cada livro/filme lido/visto.
Enfim, seja bem vindo, leitor hipotético... sinta-se em casa. Abraços.

[Filme] Ajeossi (The Man From Nowhere - O Homem de Lugar Nenhum)


Título Original: Ajeossi
Tradução: The Man From Nowhere (EUA); O Homem de Lugar Nenhum (BRA)
Ano: 2010
Origem: Coréia do Sul
Direção: Jeong-beom Lee
Roteiro: Jeong-beom Lee
Elenco: Bin Won (Cha Tae-sik); Sae-ron Kim (Jeong So-mi); Hee-won Kim (Man-seok); Hyo-seo Kim (Hyo-jeong); Seong-oh Kim (Jong-seok); Tae-hoon Kim (Kim Chi-gon).
Duração: 119 min.
Sinopse: O personagem principal é Cha Tae-sik, o dono de uma loja de penhores cujo passado sombrio o fez se desligar de tudo e de todos. Tal é a sua misantropia que recebeu o apelido de “O Fantasma da Loja de Penhores”. Sua ligação com o mundo exterior se dá através de uma menina, So-mi, filha de uma viciada em heroína que a deixa vagar pelas ruas em plena liberdade. A trama se desenrola a partir do seqüestro de So-mi e de sua mãe por traficantes, e cabe a Tae-sik resolver se a vida da pequena vizinha é valiosa o suficiente para que ele saia da inércia que é a sua existência. Entretanto, sua escolha não é totalmente livre... sem saber, ele recebia o conteúdo do tráfico oculto em objetos que So-mi lhe trazia para penhorar e a polícia coreana começa a procurá-lo descobrindo seu passado e os motivos que o levaram a se isolar.


ATENÇÃO: A PARTIR DESTE MOMENTO O POST CONTÉM SPOILERS. CASO SE IMPORTE, VÁ ASSISTIR AO FILME E DEPOIS VOLTE.
Pontos positivos: Já desde o começo devo dizer que esse é um dos meus filmes favoritos, então os pontos positivos são inúmeros. 1º) Won Bin arrasa na interpretação e Kim Sae-ron é a criança mais espetacular que já vi em um filme... a expressão dela chorando é de cortar o coração. 2º) A relação dos personagens principais é incrível, foi construída de uma forma leve e sensível, sem arroubos de emoção ou carinhos afoitos como estamos acostumados a ver nos filmes ocidentais. 3º) Trilha sonora maravilhosa; 4º) As cenas de luta e violência não ficam se estendendo e são feitas no bom gosto; 5º) Alguns dos melhores diálogos que já vi em um filme:
Mister? I embarrass you too, right? That’s why you ignored me? It’s okay. My teacher and all the kids do that too. Mom said that if I get lost, I should forget our address and phone number. She gets drunk and says we should die. Even though that pig called me a bum… you’re meaner. But I don’t hate you. Because if I do, I won’t have anyone I like. Thinking about it hurts me here. So I won’t hate you”.
Tio... Deve sentir muita vergonha de mim, não é? Por isso é que fingiu não me conhecer, não foi? Tudo bem. Meus amigos da escola e meus professores fazem o mesmo. Até minha mãe disse, que se eu for pega, devo fingir não saber onde moro, e nosso telefone. Sempre que fica bêbada, ela diz que devemos cometer suicídio. Isso é pior do que o gorducho me chamando de vagabunda. Mas eu não te odeio. Porque se eu odiar você não haverá mais ninguém nesse mundo de quem eu goste. Se quer saber o que penso, dói. Mas, eu não odeio você”.

Tem como não morrer de chorar ao ver ela falando isso com aqueles olhinhos cheios de lágrimas? Não.
E então tem o diálogo interessantíssimo do Tae-sik com o malandro traficante (que por sinal também é ótimo):
Tae-sik: How many cavities do you have?
Hyo-jeong: What?
Tae-sik: I run a pawnshop. I take gold teeth. I’ll keep the gold teeth. And I’ll chew up everything else!
Tae-sik: Quantas cáries você tem?
Hyo-jeong: O quê?
Tae-sik: Eu tenho uma loja de penhores. E aceito dentes de ouro. Eu ficarei com os dentes de ouro. E destruirei todo o resto”.

Pontos negativos: Não sei nem se posso enquadrá-lo como negativo, visto que só não gostei por ser uma fã confessa de finais objetivos que não deixam dúvidas...
Não gostei muito de como terminou as coisas entre a So-mi e o Tae-sik. Ele a salva e então a deixa ir. Como a pobre menina perdeu a mãe e não tem mais ninguém, imaginei que ele fosse adotá-la e tal. Talvez seja isso que aconteça no além-filme. Prefiro e VOU pensar assim.
De qualquer forma, é um dos filmes que mais valem a pena e que não canso de assistir.